quinta-feira, 29 de abril de 2010







DESCASO






Aquarela sobre papel

quarta-feira, 28 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Poeta besta
Poesia fresca
Po-essência suspeita

TEXTURAS

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sem sentido

Dei-me folga por um dia de ti. Levantei cedinho, antes que tua pele percebesse minha ausência. Fui rumo a um túnel escuro donde cada passo dado craquelavam o piso por debaixo de meus pés. Quando já havia abandonado o tempo sussurrei canções de amor. O eco não se rendeu aos meus encantos e devolvia-me uma voz sem qualquer afinação e me perdi na surdez. Continuei a caminhar vagarosamente acompanhada duma solidão densa, como as paredes daquele túnel. Empurrava meus braços contra o vento que insistia em não se mover, atravessava-o. Quando resolvi abandonar a luz pude sentir o cheiro encorpado daquele túnel. O cheiro parecia-me doce demais, e com as mãos já cansadas empinava meu nariz para que me guiasse ás pernas. Ainda bem devagar continuei a andar. Agora percebi que havia perdido mais um de meus sentidos, não havia mais cheiro doce nem cheiro algum. Parei por um instante. Parti a devorar as paredes com lambidas suadas de minha saliva. Degustei cada centímetro daqueles últimos metros que me restavam. Parecia-me gosto de poeira adormecida, sem lembranças. Perdi-me por segundos quando percebi que me faltaram também às papilas gustativas. O vento tornou-se ainda mais denso e difícil de atravessar. Contudo minha intuição pressentia o fim daquela passagem. Restava-me tatear as paredes, e assim conduzi-me pelas mãos que num instante qualquer perdera também seu rumo. Eu sem rumo fiquei. Sendo pisoteada por uma intuição nada fugaz me rendi a tuas lembranças. Acompanhada dela pude sair daquele túnel, acompanhada de teu cheiro pude sentir novamente meu olfato, acompanhada de tua boca pude degustar mais uma vez minha saliva, acompanhada de teu violão pude ouvir mais uma vez o som suave de minha canção, acompanhada de teu abraço pude sentir minha pele envolvendo cariosamente meu corpo, e então pude enxergar uma luz. Sem mais cautela corri rumo á ela. E lá havia o que mais me faz e conduz meus sentidos: teus olhos. Aquela cor dos teus olhos!
Porque me condenas
a ser tão pequena?

no mundo de hoje
porquanto

com flores
ardores
tremores

só posso morrer de amores.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Da primeira vez que me assassinaram
perdi um jeito de sorrir que eu tinha.


Mário Quintana

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Era óbvio,
Olhos míopes,
Ele não bebia,
Ela não tirava as sobrancelhas

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Para um lugar formoso

Um poema sereno, como o amanhecer do campo
com zuada de cabrito caçando pitomba debaixo do sopro do vento,
uma cantiga das flores silvestres que cochicham o dia que segue
tudo fica aguado, desmancham-se em pinceladas de aquarela quaisquer contornos mais rígidos,
A poeira se sobressai ao piso ladrilhado, vassoura vai—vassoura vem, compondo uma sinfonia
com as notas que a floresta oferece, assobio de vaqueiro no meio da boiada,
vagando frouxo no meio do mato
Menino pele de goiaba, cheiro de goiaba e caroço de goiaba por entre os dentes,
O vento agora sopra mais preciso, sabendo que tem hora pra serviço
Por entre as galhas vai levando á terra seca um pouco mais de fruto, de pólen
Um belo convite á vida.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Canção de despedida

O homem diz que não vai voltar,

a menina chora

O homem cresceu antes da hora,

os olhos da menina choram

O homem diz que volta á lhe procurar,

as mãos da menina choram

O homem olha para qualquer lugar,

o peito da menina chora

O homem tenta lhe acalantar,

a pele da menina chora

O homem procura o que falar,

as pernas da menina choram

O homem não pode mais amar,

o amor da menina chora

O homem precisa partir, a menina que ainda chora

o choro sereno que tinha guardado

com os olhos inchados,as mãos trêmulas,

a pele aguada, o peito apertado,as pernas bambas

caminha, devagar

Os passos da menina ainda estão embrulhados em sua tão sonhada saia florida,

a saia da menina que também chora.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pequenos pedaços meus

Tenho algumas palavrinhas escondidas por aqui. Hoje reli todos os meus poemas, viajei por mil passados e me debulhei em lágrimas. São tantos. Todos azuis. Uns vinham etiquetados como sendo frágeis, outros são aqueles que não precisam de moderação. Embriaguem-se! Encontrei um que guardava meu rosto ao lado, esse foi feito para ti, entre tantos feitos para ti, esse conduzi cuidadosamente em meus momentos raros de sobriedade. Lembro-me daquele sorriso, como custei a desenhá-lo para que ficasse perfeito em teu poema.
Hoje amanheci com um poema, feito para mim. Tomates!!! Adoro-te tanto. Logo hoje, que foi depois de ontem. Depois de ter murchado até que a ultima lágrima fosse derramada em braços de meu amor. Logo hoje que acordei um pouco mais’’ blasé ‘’. Tomates! Amo-te tanto. Vou sim como a Primavera. Agora posso me suportar um pouco mais. Vou correr em meio à piçarra produzindo com barro meu o mais lindo jarro. É dele que me brotam uns pedaços de talos. São destes, talos, que escrevo meus poemas. Não seriam rosas? São flores. São espinhos.

Menina
de saia florida roda
Balança as flores da copa
Se são ipê
Lindas
Cái
Murcha
Também morre
Não chore
Floria
Mais que uma vez no ano
que há flores todo tempo
No seu momento
Menina
De imbu
cheira
mandacaru

no ipê
violeta
amarelo
alaranjado
jardim
e
sonhos
dóirado.

Paula Alves


Vou indo por ai. E me demoro. Quero sentir saudades, roçar-me por entre as arvores, espiar cada detalhe tolo. Encantar-me. Quero me procurar também, se não me falha a memória, deixei algumas pistas em meu caminho. Não volto. Dou uma volta. Vou por caminhos desconhecidos. Caminhos que me assombram as topadas nas pedras nunca vistas. Mais ainda assim, meio perdida, deixarei algumas pistas. Vai que me encontro? Não, não suportaria tal fim.