sábado, 27 de fevereiro de 2010

Porque teus olhos mudam de cor...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Para a Academia Onírica ( homenagem a Roberto Piva)

Para essa noite configuro-me
dês-mundano
mundano
Pulso superego e sou só palavras
Visceral
Vinda aquém á tuas mãos
Ida além á tuas fantasias

Convenço-te a me notar
Sussurrando
E tu
condutor vibrante
em teus delírios
procura,
o que meus lábios escondem.

Pareço-te mais breve
E encantado
Pelo som que emito
Torna-me
Toca-me
longe
Com se agora mesmo
estivesse entre minhas pernas.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PURIFICAÇÃO

No orvalho suspenso ao gramado
um carpete enfeitiçado
de comuns iguarias floríferas
Conduzindo o dia mesmo que segue
repetet—ido
o vingar dos que não—ou—fim
pousaram seus pensamentos
Incomuns e improváveis aquisição de cores
lisérgico por não começar
Inquieto
por chegar ao seu limite ultimo
sim—ou –fim

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

SONHOS

Por um momento achei que não conseguiria mais escrever
Sonhei ontem contigo numa noite onde tocam os sinos e suspiram sonhos
Aparecestes pra mim encoberto de saudades nossas, caminhando nos cascalhos mórbidos do meu jardim ignorando nossa decisão racional de não mais nos amarmos.
Em sonhos meus tudo é possível e mais uma vez te cheirei a face e mordi descaradamente teus medos
Em sonhos meus teus olhos brilham ainda mais e sinto tua pele latejar entre minhas virilhas
Em sonhos meus tu desmancha minhas sardas borrando meu pudor em tua carne branca
Em sonhos meus dançamos,
olhares, suspiros e desejos.
Em sonhos assim não podes me negar tua alma e acredite,
é ela que nutre meus vícios e ateia em minha vida
tua
minha
nossa
insensatez .

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DELÍRIOS



Delírios
de solidão constante
Um luar esmaecido,
Concúbito interrompido
Ausência de carne
um gozo
Corpo estremecido
O chão ainda gelado
Cauteloso
Saia mordida por mãos alheias
Passo de dança feroz sobre roupas de cama
Irracional
Imoral
Á procura o cheiro do outro
derrama seu néctar sobre a pele suada
Pudor descoberto pela manha que se aproxima
Despertar e mais um dia
Delírios
de solidão constante

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

COLHEITA

Trago pra casa
um poema,
a viagem já
valeu a pena

Marina Colasanti

MAR


Ainda embriagada da nostalgia marinha me acaricio vagarosamente ouvindo o ronrar que de resquícios ficou em meu peito insone após ter passado uns poucos dias trafegando entre sonhos e realidade. O mar estava lá entrelaçado com uma legião de admiradores que diariamente vão ao seu encontro louvar o que nem mesmo entendem ao certo. Tenho contudo, uma versão bem interessante dessa maestria marinha. Minha posição de menina do mar me é suspeita ao falar dele, pois sou pedaço fluido de suas águas. Seu mistério penso eu, ser o espelho dos nossos. Durante os dias em que estive ao seu lado incansavelmente eu estava á contemplá-lo e ele em troca cutucava-me delicado para que eu pudesse espiar suas travessuras e assim compreender um pouco mais - repito, um pouco apenas - a vida. Encantava-me com simples respostas para que eu pudesse despejar em suas águas gotas salgada de minha carne amolecendo minha rigidez humana. Quando me percebia estava espalhada em seus braços, pedaços meus misturavam-se ora com sua superfície sendo jogados cruelmente em seu porto e ora conduzidos á suas profundezas mostrando-me um mundo mágico encoberto por toda aquelas águas. Transcrevo aqui uma experiência mágica que tive num rabisco de minha estória, e o faço por transbordar palavras de meu corpo que agora me instiga.
Perguntei-me enquanto era acalantada pelo mar o porquê de tamanho mistério, se ali não teriam apenas águas que iam de uma ponta a outra da terra para o fim apenas de alimentar a vida. Mas bem mais que isso percebi quando mergulhei em seu silencio lembrando-me de uma vez em que estive dentro de seu mundo (mundo esse que voltarei) num lugar alcançável apenas a desbravadores que procuram entender um pouco mais de magia. E lá em suas profundezas é onde ele esconde toda a sua incansável beleza. Em sua superfície como uma vida qualquer ele entrega á calmaria e á turbulência, esse vai e vem de suas águas que desprende de seu corpo o que lhe machuca e traz para si o que lhe faz sorrir. Às vezes ele, como um simples mortal, leva para si um pouco do lixo da vida, mas em troca conduz a sua margem uma força sobre humana acordando o mundo para sua importância. Percebi essa similaridade entre nossas vidas enquanto velejava em suas ondas e encantei-me ainda mais pela força e os mistérios daquele gigante de águas inquietas. Como uma vida comum ele entrega sua superfície para o vai e vem indiferente ao mundo hoje, e lá dentro no seu lugar mais intimo guarda um mundo que além de belo é composto pela ausência de tempo tornando seu espaço ilimitado onde suas cores compõem uma escala cromática surreal aos pobres olhos conformados dos humanos. E onde nasce, floresce e abastece toda sua força e beleza.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

HORA VADIA

Menino bonito
O que me encantas em ti?
Um sorriso apenas?
Tão comum entre tantos outros
Ou será a insensatez da hora vadia?

Encontro-te á margem do precipício
Não me declare mais esse sorriso
Tenho pra mim,
Enfim
Minhas longas pernas
Um fim de noite
Uma dose apenas
E me torno uma péssima equilibrista!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

RUIVO

Poesia declamada
Olhos fitados
Um encontro só nosso

Banhos de piscina,
Tintas no terraço,
Baladeiras,
Petecas,
Esconde-esconde!

Outrora num remelexo do reggae
Um pedaço meu e teu
Compreensível!
Contudo,
Flutuando ao teu lado
Desconcerto-me toda!

Formosos desbravadores
Pé de manga, guabiraba,pitombas e cajus!
Perdia-te ás vezes na multidão de cabritos
E logo te via nas nuances da cachoeira

Ouço então uma risadinha
Olha que louca!
Toda desajuntada!

Espero tua resposta
E me refaz princesa
Encobre minhas mãos trêmulas
E me conduz ao palco
Afirma: És a mais bela!

Mesma sala de aula
Meu primeiro namorado
E cauteloso,
Esconde as palavras
Desilusão!
Não inconformado com minhas primeiras lágrimas
Apresenta-me os sonhos

Então partiu
Inconformada,
Temi á distancia
Pensei então que não me conhecerias mais
Contudo,
Amor
Laço por demais delicado
De dois meninos encarnados!


Sou sim tua princesa
A mais bela para ti
Já me basta
Sempre ao teu lado
Junto ou separado
Desconcertada mesmo
Continuo a flutuar
Na dança,
Nos sonhos
E nas palavras!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

MEU TEMPO E EU....Mais uns de seus devaneios


O que levaria uma menina assustada a escrever? No meu ver uns tantos pedaços de dor já basta!
Quando me questionava sobre a ousadia minha em me tornar uma poetiza me encabulei ao perceber que não tenho tantos recursos para tal. Confiei em minha pulsação angustiada de viver enquanto transmudo com delírios afins. Acompanhava-me nas caminhadas diárias á procura de um suspiro qualquer de inspiração para me satisfazer enquanto escrevia.
Besteira a minha, sempre tive na verdade essa mania besta de esperar um grande encontro com a luz poética, seja nas palavras escritas, seja na composição das cores ou então nas manchas barrentas de minha argila. Não me atrevia a desapontar qualquer olhar critico sobre minhas criações e principalmente me curvava ao meu olhar que insistia em condenar minhas escolhas cromáticas. Contudo aprendi a seduzir o tempo, esse mesmo que me acompanha agora, pois antes ele era inalcançável, cruzava vez ou outra minha estrada como um sábio mestre que vez em quando acariciava minhas escolhas e antes mesmo que eu pudesse reconhecê-lo escapava como uma fumaça quando encontra uma suave brisa. Hoje me acostumei com a idéia genial de que eu e ele somos um só. Olho-o agora como um pedaço meu que não me estabelece limites e fases, tirando assim essa idéia tola de que ele com os segundos, os minutos, os dias ou os anos passando irá me tornar uma grande mulher, mais sabia e madura. Não o quero num futuro, não o quero numa pretensão de me torna algo, quero-o agora, aqui enquanto escrevo. Quero-o enquanto vivo minhas escolhas certas e principalmente nas erradas para poder senti-lo mais forte, mais presente.
E esse tempo que aqui me revela a escrever uns poucos desabafos me tornando mais complacente com minhas poesias me conduz a uma posição agora sem mais convicções e frases prontas. Sigo curtindo minhas proposições do que é poetizar e porquanto vou quebrando todas as regras e vez e outra consultando um amigo dicionário e um coração ora contente ora amargurado.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

CORTAR O TEMPO

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"

Carlos Drumond de Andrade
''Enfim,
Amado espelho
Que sorriso mais encantador!''

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

AO AMOR (continuação)


Ao amor,
Magentas, carmins avermelhados
Á chuva,
Descanso o olhar
E configuro-me a inalar sua fragrância
Ao amor,
Ocre, terra e alaranjados
Á solidão,
Umedeço-me com orvalho lacrimejado
Alguns papéis amassados
Ao amor,
O musgo, o verde azulado
Á gratidão,
Peco uma vez mais
E ouço sua voz mansa
Ao amor,
Azuis, anis e violetas
Aos poemas,
Sorrisos apenas
Sua chegada
Ao amor,
O branco
O preto
E mais nada!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

ALTAR

Enquanto me contemplavas no altar
Aquele mesmo que construístes
Sem ao menos perceber que não me cabia tal resignação,
Preocupavaste apenas em farejar minhas rasuras

E Lá de cima
Eu mesma vinha despindo aos teus pés
Pedaços estragados da minha estória
Quando enfim conhecestes meu cheiro podre
Sem uma gota sequer de compaixão
Pude então conhecer tuas costas.
Opostas!

Saistes num ritmo lento
Vez em quando espiavas
Conferindo mesmo aquela minha forma estranha
Esquecia-se, contudo,
Que me pusestes lá com as próprias mãos

Olho-me La de cima
Incomodada com os pedaços que não levastes
Logo aqueles
Que mais me pesam a face
E que foi por eles,
Não lembras?
Que construístes o altar

Agora me confundo sobre tal pretensão
Uma persistência tua em me santificar
Fraco por tanto esforço em vão
Desatento e desorientado
Deixastes que escapasse
Meu único pedaço fresco.
Agora te pergunto:
Valeu tal pena?

E sobre o altar
Que construístes para mim
Garanto-te desocupar em breve
Para que possas conduzir outro corpo qualquer.
E assim vais repondo em tua laje
Imitações
Do que só encontrarás em mim

sábado, 6 de fevereiro de 2010

CHAMA

Já faz tanto tempo
Talvez seja tarde
Esse chão cinzento
Uma chama ainda arde
Todo o meu lamento
Por não poder entender
Se hoje mesmo com saudade
Finjo não te conhecer

Que é pra ver
Se ainda há brilho nesse teu olhar
Que é pra ver
Se essa canção ainda te faz lembrar
De tudo aquilo que teu coração
Custa esquecer
Quero ver
Se ainda emociono você


DOMINGUINHOS

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

UNS POBRES VERSOS

Hoje não quis mesmo escrever versos
Deitei-me na calmaria das minhas flores

Chacoalharam minhas cadeiras pedindo um pobre poema sequer
E fingida dei a elas um sussurrar contendo rimas quaisquer

Voltei-me a sacolejar minhas longas canelas
Contudo, não conformei a impaciência daquelas flores
Agora gritavam descontrolados poemas de amor

Desaforadas!
Bem sabiam como me fazer chorar

Pois bem,
Aqui então escrevo á elas
Satisfeitas?

Sim!
Sinto enfim os mais belos perfumes!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010




''Sua mão estendida verticalmente num ultimo e enfraquecido esforço permanecia encoberta pela neblina que se estendia a uma distancia onde seus olhos não poderiam alcançar. Ele que outrora sussurrou ser seu anjo havia partido. Ela ainda embriagada pela solidão, após estender o longo braço a sua procura em um desequilíbrio lento foi se esmaecendo ao chão. Os joelhos quebrando-se conduzindo as pernas em forma de ''z'' para apoiar seu corpo trêmulo que viria enfraquecido pela derrota. Nunca antes perdera um anjo. Deitada com a cabeça cambaleando no seu braço incansavelmente estendido agora ao chão numa nostalgia que lhe trançava um caminho onde os fios eram alternadamente o medo e a esperança de levantar mais uma vez. Não acompanhava o tempo deixando-o num embaraço diante daquele corpo estendido, sem pressa, sem forma e sem qualquer paisagem a ser contemplada.
Nesse instante, contudo, ela acompanhava apenas o compasso do jazz que se acomodou aquela cena. ''

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

AO AMOR


Ao amor,
Ofereço minhas cores!
Ao tempo,
Imploro um espaço
Pequeno que seja
Que me caibam as palavras
Ao amor,
Ofereço minhas cores!
Ao medo,
Ignoro-o
Pretensiosa
Dou-lhe um chega pra lá
Ao amor,
Ofereço minhas cores!
Ao corpo,
Suplico por mais um pouco de açúcar
Ao amor,
Ofereço minhas cores!
Á arte,
Entrego-lhe a alma
Os olhos
Ás mãos
Á pele
Os sentidos
Á vida
Ao amor,
Ofereço minhas cores!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Pequena
Foi grande e precisou se curvar
Torta então resolveu ficar
Sua beleza se encobriu de desgosto
O torso,
Torto
Grosseiro ficou!
Que besteira a sua de crescer,
Chamaram-lhe de pequena
Olhos arregalados,
Que atrevimento!
E foi esse jeito atrevido
Que á tornou pequena outra vez.

PRA VOCÊ


Não quero rancor
Nem mesmo perder o sono
Quero boas lembranças e a esperança de encontrar a paz
Quero o tropeço acalantado pelo abraço carinhoso
Quero ser sincera apenas!
Sem medo e prudência
Aprender a conversar e não gaguejar
Encarar o que é de mais sublime em ser humano
E confortar meus olhos
Amar sempre e rastejar a procura do cheiro que me conduz o corpo
Quero perder o pudor
Quero dia a dia explorar-me
Instigar-me a vida
Vestir meus sonhos mais uma vez
Não ponderar meus devaneios
E aprender que tudo acontece em seu momento
Não irei mais me comprometer com a santidade
E que minha fé não me torne sagrada!
Quero morrer de rir com o tempo perdido
Aproveitando assim o segundo presente
Quero acomodar todos os meus amores no canto do peito
E sem culpa pedir que dêem espaço para o amor próximo
Quero me contentar em estar viva apenas
E não mais culpar-me por escrever meus mais secretos anseios.
Quero escrever-te sempre e apaziguar nossas duvidas
Tornar os dias mais compridos
E te abraçar quando por ventura te encontrar.
Quero poder seguir seus olhos contentes pela serenidade reencontrada
E sentir-me completa por te amar
Não me preocupo mais pela distancia ou desencontro
E sim relembro a mulher que descobri ao teu lado
Quero ouvir uma boa musica
Assistir um bom filme
Tomar um bom vinho
Quero dançar mais uma vez
Quero escrever minhas estórias infantis e aventuras amorosas
E sonhar sempre
Pois enfim
Estou perto da paz
E quero sem medo
Agradecer a ti por me ensinar o quanto esmero é o amor
E que diante dele somos apenas marionetes.