quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sem nenhuma pretensão. Apenas mais um de seus causos em seus pequenos contos.

Sem nenhuma pretensão, de repente ela abriu os olhos e ele não estava mais lá. Como em um gesto desesperado, fechou-os novamente como se selasse o passado. Mas não podia mais abri-los, não entenderia mais nada.

Sempre que se encontrava perdida imaginava-se no mesmo lugar, lá nesse lugar onde só ele a teria levado ela andava com as mãos soltas, dançando com o vento enquanto sentia o beijo do mar em seus pés. E ainda assim de olhos fechados conseguia ver que ali era seu lugar.

Não estava mais só, eis que a vida havia lhe trazido um anjo. Um lindo anjo como aqueles de sonhos, com cachinhos dourados e nariz arredondado. Um anjo falador que lhe contava as aventuras da vida em contos que, ela já os tinha provado.Contos que sempre escrevia por linhas tortas e sinuosas, entre desenhos falhados por suas mãos tremulas de tão grande que era seus dedos.

Nesse mesmo dia ela percebeu entre suas compridas pernas escondidas na saia florida em que tanto desejou, uma brisa que jamais a tinha cruzado. Um frio congelou seu peito apertado e ela sentiu que pela primeira vez estava vivendo um de seus sonhos.
Um daqueles que a elevava para alem do que era escrito, prescrito, moldado e amordaçado. Um daqueles em que ela podia dar gargalhada com seus devaneios e que choravas como mais uma vez menina.

Sabia que, no canto guardado do peito, estava um segredo que a trazia para a realidade, mas que guardá-lo ali seria pretensioso demais para aquele sonho em que estava a deslizar. E se viu em uma encruzilhada.

Pensou:
--Me sentarei aqui e será nesse começo de tantos outros caminhos que cruzarei minhas pernas. Ah!!! Minhas longas pernas ficarão cansadas de tanto esperar.

Ali ficou, sentada, seu vestido já sujo da chuva do vento da secura do sol e das manchas de suas lagrimas, já não tinham mais flores.

Mas era apenas um sonho....

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